Meio acabado

Antes de ir visitar o Protonotário Cabral, Capitu diz a Bentinho que ela é “meia moça”.

Hoje, quase dois meses depois do último post, posso dizer que estamos meio que acabando, perto do fim. Um fim subjetivo é claro.

Terminamos a montagem do espetáculo, já fizemos algumas passadas gerais, o cenário está pronto; agora temos que limpar as cenas, ver o que sai, o que fica e o que entra novamente no espetáculo!

Perdoe-nos o atraso quanto as atualizações. É que depois um ano e alguns meses de convivência com o Casmurro, vemos que ele acaba por tomar conta do nosso cotidiano e das nossas atitudes.

E quanto a estréia do espetáculo, para os anciosos de plantão, como já dizia Dona Glória:

-Há de vir, há de vir…

Últimas notícias

Andamos sumidos daqui…

mas o trabalho continua a todo vapor…

A estréia (de março) foi adiada, em breve postaremos a nova data.

Estamos finalizando a montagem, o cenário está chegando.  Gosto muito do que estamos fazendo. É um trabalho, como já disse no post anterior, desafiante para toda a equipe.

Em breve todos poderão ver o resultado de todo esse tempo de trabalho.

Protocolo dos nossos últimos tempos – Concentração

Temos a estréia marcada. Março. Aumentamos a quantidade de ensaios, estamos limpando, mudando, ajeitando, fazendo e re-fazendo.
Estamos correndo ainda mais que antes, acho que falta ¼ do livro para montar, e todo restante para arrumar.
Os atores estão mais concentrados, os personagens começam a aparecer, outros voltaram, acho que estavam cansados da gente. Engraçado é quando só volta o braço e a perna, né Boone? Acontece nas melhores famílias e com os melhores atores.
A dinâmica do espetáculo é incrível, um desafio que vai para além de todas as dificuldades de transpor o livro para a cena, acho desafiante a estética que escolhemos para o espetáculo. Em todo o espetáculo o ritmo é importante, mas nesse é uma corda apertada em nossos pescoços, não dá para vacilar.

Cortamos a Dona Glória

A Dona Glória foi a primeira personagem que abordamos de forma mais sistemática. Quero dizer: entre as improvisações iniciais que fizemos, foi uma que falava sobre a mãe de Bentinho a que se tornou nossa primeira cena estruturada, com texto preparado e etc.

Não foi a transposição de um trecho do romance, mas uma cena em que as atrizes – todas as quatro – falavam, a partir das descrições que são feitas da mãe do narrador, sobre como abordá-la e sobre maternidade.

Pois no último ensaio, excluímos a cena. Gostávamos dela – ainda gosto; mexeria numa coisa ou outra do texto, acertaria seu tempo de execução, seu ritmo, mas ainda gosto. O fato, no entanto, é que a cena não cabe no espetáculo que ela mesma começou a desenhar. Isso não deixa de ser curioso. Foi através dessa cena da Dona Glória que começamos a dar forma ao espetáculo. Tínhamos os estudos, as leituras e discussões, as improvisações – ou seja, havia algo se formando. Mas foi com essa cena que a coisa começou a ganhar corpo e que descobrimos como abordaríamos os personagens; foi com essa cena que começamos o trabalho formal. E o desenho que se fez a partir daí conformou algo que não comporta a cena.

Mas cortamos mais, também. A cena dos vermes – feita a partir do capítulo XVII –, que também parecia interessante, dançou. Entre outras coisas. Agora, os cortes são feitos com mais segurança – antes, titubeávamos, sentíamos certo dó de tirar isso ou aquilo. Agora, fazemos com mais objetividade. Certamente, é que já sabemos com um pouco mais de clareza o espetáculo que preparamos.

MEIA PROTOCOLO – MEIA BLOG – MEIA MOÇA

Na sexta (23), Lorena trouxe seu protocolo feliz, feliz, falando sobre a volta da Valéria, que veio, mas não ficou, ela esta com uma tendinite no ombro. Isso tem me preocupado bastante, principalmente por ver sua tristeza. Ela, cheia de energia para o trabalho, está impossibilitada de realizá-lo, pelo menos como gostaria. Não me preocupo em nada pelo trabalho, que se adapta, mas por ela.

No fundo só quero dizer que gosto muito da Valéria, e que ela pode contar comigo para o que precisar, e além de tudo ela está só meia moça.

Depois da conversa fomos para a cena, tentando resgatar a proposta do ensaio anterior para os capítulos XXXIV ao XLI, que foi uma junção entre as propostas de Eldon e  Bonne, e Lorena e eu.

Vinícius também trouxe um texto e uma proposta, e aí juntamos o texto do Vini com a nossa proposta e … NÃO DEU CERTO! DEFINITIVAMENTE!

Dinho chegou a interromper a elaboração da cena, que na verdade já devia ter vindo pronta do ensaio passado, e percebemos o absurdo que estávamos fazendo, que no final não era nada, nem a proposta do Vini, nem a nossa.

No sábado (24) Carla veio, coordenou um aquecimento rápido, uns 40 minutos, foi ótimo, teve até um momentinho que conseguimos executar os movimentos todos juntos… brincadeira cruel, nós somos ótimos. Em seguida fomos para cena, tentando executar a 1ª proposta, Carla que veio para ficar uma hora, ficou três.

Na terça-feira (27), experimentamos a proposta do Vinícius para os mesmos capítulos, e achei que ficou bem interessante.

(Da vontade contar aqui, aliás sempre temos esse desejo de registrar as cenas, principalmente as que não vão para o espetáculo. De alguma forma isso é feito no protocolo e no blog, MAS, qual será o segredo do registro em teatro, eu não sei, acho que só o teatro registra o teatro e ainda assim, mais ou menos, afinal não vemos no resultado final todo o percurso de construção da cena.)

Sobre a proposta do Vinícius, nós utilizamos as cadeiras apenas em metade do “palco”, o lado dos Santiago, o outro lado ficou para casa de Capitu. Coisa que até então não havíamos feito. Na cena da inscrição, existe uma brincadeira com um muro que divide o meio do palco, imagem que na própria cena é desfeita, e que naquele momento funciona muito bem ao meu ver. Mas assim, uma cena toda com o palco dividido, foi novidade. Bonne ficou feliz, porque ele também queria fazer assim, era sua proposta inicial.

Depois de levantarmos essa idéia, refizemos a cena do ensaio anterior, só para refrescar nossas memórias. E aproveitamos o tempinho final para repassarmos a cena das Curiosidades de Capitu e Passeio Público. O ensaio rendeu.

E por aí vamos… de 8 em 8 capítulos.

Ressaca, beijo, acordos e desconfiança

Ensaiando em espaço novo, abordando trechos novos do romance.

Nosso novo – e, provavelmente, provisório – espaço não é o ideal. Mas nos serve. É uma sala alugada, grande o suficiente pra abrigar nossa cena. Bom mesmo era conseguir montar a nossa sede. Mas, vá lá: é o possível por agora e é muito bom, sem quer dar uma de Polyanna, ter o espaço e poder usá-lo de acordo com nossos horários e conveniências. E dar continuidade ao trabalho.

O protocolo do Eldon fala um pouco – com sua ótima previsão quanto à duração do trabalho – do que fizemos recentemente. Passamos, de fato, um bom tempo no capítulo XXX, “O Santíssimo”. E aí íamos enxugando o que fazíamos, enxugando, enxugando. Até que sumiu. Chegamos à conclusão de que o que diríamos ali está dito em outros pontos do que já temos e do que planejamos. E se o romancista pode se estender mais, esse não é o nosso caso.

Agora, trabalhamos até o capítulo XXXIII. No ponto em que estamos, há uma outra famosa definição para os olhos de Capitu: os olhos de ressaca. E há o beijo entre os adolescentes. Gosto de como estamos encaminhando as cenas. Mas isso é suspeito, claro. Gosto agora, no calor da hora. Mas, daqui a pouco, posso olhar com desconfiança – como agora olho com desconfiança para uma das primeiras cenas que montamos, “A denúncia”.

E é curioso, porque foi “A denúncia” que nos deu, me parece, o tom para a montagem. Foi trabalhando nela que achamos o que temos agora para o Dom Casmurro e para a maioria das personagens que já levantamos. Também foi com essa cena que determinamos a dinâmica com a qual lidamos hoje, entre outras coisas. Enfim, foi com “A denúncia” que construímos, num primeiro momento, a cara do espetáculo. E agora, como disse, olho para ela com desconfiança.

Mas é assim mesmo. O que acabamos de fazer nos aponta caminhos para o que faremos em seguida e isto, depois de feito, pode acabar por desdizer o primeiro momento que o engendrou. E assim, vamos fazendo.

Brincando com isso, hoje, disse que talvez jogássemos fora tudo o que já fizemos e começássemos de novo, do zero. E foi engraçada a reação dos atores – eles me olharam com algo que parecia ódio ou ressentimento e disseram: tudo bem, mas aí nada de processo colaborativo; você traz o texto fechadinho, marca a cena e a gente executa. Engraçadíssimos, uns colegiais.

Para encerrar, vamos aos acordos. Na última terça, houve ensaio – sem a minha presença. Na verdade, os ensaios de terça têm ocorrido sem mim; é a ocasião em que os atores se reúnem para elaborar conjuntamente suas propostas. E eu soube, depois, que o ensaio tinha quase se resumido a uma grande discussão sobre a cena dos olhos de ressaca. Um grande impasse, me parece. Até aí, tudo bem – os impasses podem ser bem produtivos. O problema é que eles ficaram só no impasse. Não foram pra cena. Pensei que isso renderia para o ensaio de hoje. Mas também hoje, na hora de ir pra cena, discussões sem fim. Intervim, fazendo propostas diretas e pedindo que executassem. E, é claro, a coisa andou. Se digo “é claro”, não é em função da minha intervenção, mas pelo fato simples de que a cena se resolve em cena.

Acordamos, então, que a partir de agora, nos ensaios, teremos um tempo máximo de cinco minutos para discutir o que será feito. Dado esse tempo, haverá que se experimentar algo – ainda que inconcluso ou nebuloso. E só depois disso, poderemos voltar a discutir o que quer que seja, com base no que tiver sido experimentado.

Outro consenso foi a ideia de retomarmos o funcionamento em pequenos grupos: se temos um novo trecho do romance a ser trabalhado, duas ou três pessoas ficam encarregadas de se encontrar fora do horário de ensaio para elaborar uma proposta que, chegando ao grupo, pode, obviamente, ser mexida por todos. Isso funcionou muito no começo.

Então, é isso. Amanhã: ressaca e beijo.

Protocolo do Eldon – 09 a 13/10

Previsões, estatísticas fajutas, devaneios…

Dispensamos algumas semanas ao capítulo 30, “O Santíssimo”. Semanas?…  Bom estamos à cerca de oito meses trabalhando nesta montagem, isso significa que dos 148 capítulos a serem trabalhados, estando no 30, temos cerca de 20% da obra concluída. Ainda jogando com a regra de três, cheguei à mais simples conclusão, de que neste ritmo concluiremos a montagem em rápidos 40 meses, ou seja, ainda temos 32 meses pela frente, antes de irmos à “História dos Subúrbios”.

Agora que já expliquei o título, passo a falar do ensaio. Bom, já agora motivado pelo tempo de conclusão da nossa jornada, vale lembrar que tiramos o Santíssimo do espetáculo. Isto depois da última tentativa de montar a cena, onde o proveitoso mesmo foi constatar como aos poucos estamos trabalhando o desapego com a obra. Melhor nem saber quantos minutos temos até agora, exigiria documentos e números para novos cálculos, nada árido e longo, mas não é este o motivo que me põe a pena na mão.

Vale lembrar, então, que temos pensado em extrair e levar à cena apenas o que realmente é válido de cada capítulo em relação à encenação. A exemplo disso, tem-se o resultado desta última semana de trabalho onde estabelecemos ligação em cena para os capítulos que tratam do Passeio Público, Santíssimo e as Curiosidades de Capitu.

Por fim, mais uma vez, numa outra nova cena, não saímos das conversas, mas isso não diminui a importância do último ensaio, já que começamos a pensar em comunicar a cena a partir de outros meios; isto feito, empolgados com os olhos de ressaca e o penteado de Capitu.

A falta de memória e registro, não me deixa imprimi-lo, mas vá lá: resgatemo-los e sigamos aos 32 meses.

Sumiço e nós

Está certo: demos uma sumidinha daqui. Mas sumir daqui foi consequência de termos, em certa medida, sumido de nós mesmos. Explico: de um tempinho pra cá, ficamos sem local de ensaio. Nisso, demos uma parada com a atividade em sala, concentrados em conseguir um novo espaço.

Confesso que isso foi meio desanimador. Inclusive porque estávamos num dos pontos que tenho chamado de nós no processo. Acontece mais ou menos assim: determinado que trecho do romance vamos abordar, os atores trazem propostas. Vamos, em sala, mexendo, discutindo – embora nunca seja uma discussão de mesa, é sempre na (ou a partir da) cena. E aí, a coisa vai ganhando corpo e a gente vai ganhando clareza sobre o que fazer, qual o próximo passo; vamos para o ensaio seguinte sabendo que é o momento de trabalhar essa ou aquela questão – na atuação, dramaturgia, encenação ou tudo junto, que é como acontece de fato. Mas quando isso se resolve, quero dizer, quando a cena fica (sempre provisoriamente) pronta, é hora de passar a um outro momento.

Aí está um – esse momento em que temos a impressão de que vamos começar tudo de novo, de que temos que fazer novamente todas as escolhas, em que temos a sensação de estarmos soltos e à deriva. Obviamente, isso é falso – temos o lastro do que já vimos fazendo. Mas não deixa de ser um momento de fazer escolhas delicadas: continuamos na linha em que vínhamos?, rompemos e fazemos uma reviravolta?, o que começamos a fazer agora não desdiz o que fizemos antes, naquela cena lá atrás?, e por aí vai.

Pois estávamos em um quando ficamos sem ter onde ensaiar. Mas tudo bem: já temos abrigo de novo – virando-nos, nós do Z e as meninas do Beta HCG Positivo (grupo cada vez mais parceiro) para alugar uma sala juntos. Ontem, sábado, já fizemos uma aula de corpo, com a Carla. E na quinta, voltamos ao ensaio. Repassaremos tudo o que já tínhamos, que é para nos situarmos de novo. E, em seguida, voltamos aos nós.

Vejamos o que ata, o que desata.

(ausência das) Fotos

Pode ser que haja por aqui quem se ressinta da falta de fotografias nos últimos tempos.

Justifico-me: a câmera tá com defeito. É bem verdade que, nesse meio tempo, a Alê ganhou uma nova, que parece bem legal. Mas a bateria tá viciada e não segura carga, ela não sabe do cabo que permite a transferência de imagens pro computador, não sabe exatamente como lidar com os botões e funções da máquina… Enfim: é a câmera da Alexsandra.